9.23.2006

Chove chuva, chove sem parar

Ontem choveu a tarde inteira. Choveu de alagar a varanda e suspender a tela das construções. As chuvas de Ipatinga são perigosas. Quando não cai pedra, cai pau, cimento, árvore, telhado...eu não tomaria banho de chuva em Ipatinga. Banho de chuva é uma das coisas que mais gosto. Até espero chover, quando preciso. Quando eu morava no Pará, o que eu mais gostava é quando chovia no final da aula. Todo mundo voltava na chuva, com sorriso no rosto, se matando de diversão. Pelo menos eu via assim. E não, não quero esquecer. Da chuva, da lama, da gripe, da surra que minha mãe me dava, valia tanto a pena. E em Ipatinga nunca me ousei a tomar um banho de chuva. Os raios rancam até o topo das montanhas. Ah, mas são tão assustadores! Quando começa a dar relâmpagos eu já desligo o computador e calço um chinelo. Não tarda os trovões e pulo na cama e espero tudo passar. Muitas vezes, cochilo. E é até bom! Aprendi a gostar disso também, de dormir ouvindo chuva e trovões! De vez em quando os clarões me acordam, mas como eu sou boa de cama, logo logo eu pego no sono denovo! Ontem, quando choveu, eu deitei denovo. Como deitar a tarde não fogia a minha temporária rotina, não cochilei. Mas fiquei pensando em tanta coisa, pensei tanto, mas tanto, que eu cansei. Pensei em coisas boas e ruins. Mais em boas. Muito mais. E fiquei surpresa. É bom poder pensar em coisas boas. Pena que eu pensei tanto em coisas boas, que elas acabaram, e agora eu lembrei novamente do tédio, e que passarei a tarde de sábado em casa.

9.21.2006

Propus uma meta pra mim nessas férias: vou aprender a tomar sopa com garfo. Uma boa noite.

9.20.2006

Cadê você?

Cinza. Vazio. E a noite fica sem por quê.

9.16.2006

Escapatória gratuita

Minha mãe fumava desde muito antes de eu nascer. Fumou na minha gravidez. E até os meus 16. Parou nem sei por quê, mas todos aqui de casa acolheram a idéia. Sempre achei cigarros impertinentes. Meus ex-namorados fumam. Meus amigos fumam. Mas eu não gosto. Mesmo voltando pra casa cheirando à nicotina. O ápice foi nessa semana, eu estava gripada, com a garganta inflamada e mal mal conseguia respirar, e mesmo assim, tentava. E foi numa dessas tentatias que um babaca soltou aquela fumaça toda no meu rosto. Eu sei que sou histérica. E muito mais. Mas fiquei calma. Tossi. Tentei respirar. E por fim, abaixei a cabeça. O que eu faria com aquele infeliz? Nada. Ele fez por si. Cigarros, pra mim, só em poemas. É tão chique falar de cigarros em estórias...

9.15.2006

De férias, em Setembro, numa sexta-feira, eu no mínimo esperaria uma boa companhia e uma cerveja gelada. Passei a tarde com a mão na barriga urrando de dores de cólica (desvantagens femininas), com calor e pra variar, entediada, claro! Quem não fica entediado nessa cidade? Como eu nunca me senti tão entediada assim? Quantas vezes repetir tédio? Diversão? Ah, mas eu queria doses, queria doses injetáveis de diversão, de cores, de amor, de vida. Eu queria passar minhas férias longe daqui. Talvez eu não quisesse realmente férias. Ok, tentei Closer, bacaninha, gostei de uma música, mas ah, forçado, moderno, parei algumas vezes o filme pra olhar meu orkut e bisbilhotar os dos outros, e o seu também. Tem mais três. Mas só me fazem lembrar os meios filmes. Ou o início deles. Aí nos beijávamos. Depois eu tirava a minha blusa, você a sua e, é, saudade também. Pixinguinha meia-noite também não cai bem. Chorinho. Cachaça. Risada. Mas agora eu sinto falta delas. E logo vem a vontade de comer pipoca. Gula e saudade caminham juntas, de fato. Passei o dia com saudade e com fome. Cada lembrança o estomago exigia uma bolacha, um suco...Caminhei anoitinha, eu sei que não vai compensar a comelancia do dia, mas pelo menos minha consciencia pesa menos. É uma estratégia de compensação consciente meio babaca, mas ás vezes funciona, já até me sinto menos gorda, mnos inchada, não sei se era porque eu estava de tpm e os meuss seios estavam grandes e lindos, mas minha barriga parece até menor. Os seios? Continuam lindos...e menores. E enfim, esse blablabla também está entediante. Eu sei que seja lá o que for, eu vou acabar me entendiando, cansando os outros, a mim mesma, já até me cansei daqui, talvez um ponto final resolva algo. Ponto. Final.

9.14.2006

As ruas estão cada vez maiores. São tantas as placas, os avisos, outdors, cartazes que colorem as ruas quentes e empoeiradas de Ipatinga. Ipatinga é quente e poluída e está cada vez mais movimentada. As calçadas estão maiores. Ipatinga cresce. Tem até empresas de onibus diferentes. Sucede o fim do monopólio de transportes, adeus Águia Branca, Ipatinga cresce. E o calor e a poeira aumentam. É como se eu estivesse dentro de uma casa que há anos não é faxinada, todas as janelas estão fechadas e o calor é absolutamente absurdo, ferve. Ipatinga é quase assim. Talvez pior. Naquelas horas na fila do banco, ar condicionado quebrado, mil pessoas na sua frente, apenas um atendente, o calor piora. Calor é relativo? Em Ipatinga só sinto frio quando estou sozinha e apaixonada. Ontem foi assim. Só. Amando. Com frio. Pena que não choveu. Também pudera, da última vez que choveu, quebraram o vidro da janela do meu banheiro. Era fumê. Gosto de dias chuvosos, mesmo sozinha. Mas não quero que chova e que de repente quebre a janela do meu quarto. Por mais que a vista não seja lá alguma Copacabana, eu me divirto assistindo a pentelhada brincando na garagem, os pedreiros batendo lage, coisas do tipo. O céu? O céu é poluído. Nuvens embaçadas. Estrelas foscas. A lua de Ipatinga é punk. Esqueci meus cds em Viçosa. A trilha sonora daqui se dá atraves de barulho de construção. Furadeira, enchada, martelo, não sei mais nomes de instrumentos de construção, mas são eles quem fazem minha música, a música de Ipa. Preciso dar uns rolês a mais e notificar maiores diferenças. De repente estou me sentindo um imigrante/visita da minha cidade, da minha casa, do meu quarto. Custei a curtir meu colchão e as paredes. O cheiro não é mais meu. Ainda faltam as férias inteirinhas pra eu me acostumar com as ruas largas e asfaltadas e o ar quente e poluido. Espero que os amigos não estejam tão diferentes assim. Pelo menos.

9.05.2006

Quatro

Não quero pensar em arrumar as malas e estar longe. Cheguei há 4 meses, e Viçosa ás vezes é tão meu. É o frio, o calor, as ruas estreitas, o transito desordenado, as padarias, esse apartamento pequeno. É o que quero por pelo menos 4 anos. E já se passaram 4 meses. Voltar pra casa é bom sim, até eu gosto do cheiro de pai, mãe e amigos. Mas é a tudo que Ipatinga se resume: família. Não sinto saudades do ar poluído, o colégio enorme, a parede roxa, os semáforos, as salas de cinema. É tão menos meu. Perdi bem antes de não estar mais por lá. Era a vontade de fugir. De novidade. Em Ipatinga foram 4 anos e não poderiam ser mais. Não sei se a viagem do meu irmão, o dentista, o Zé, serão suficientes pra encubrir a saudade. São sempre as mentirinhas, ou melhor, as omissões... Um dia eu sei sim que me cansarei daqui, estou sempre me cansando, cansada, bom ou ruim, é o que sou, daqui, e de mais ninguém...por pelo menos quatro anos.